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Imagem da autoria de Tati Figueiredo |
Oi gente, o
post de hoje é uma análise super divertida do paradoxo do tempo existente no
filme Interstellar (ou, para você que prefere o título traduzido, Interestelar). Eu sei que esse post está meio desatualizado (já que faz
algum tempo que o filme foi lançado), mas não deu para fazer antes por causa da
correria com os posts de final de ano. De qualquer maneira, acredito que você,
Interstellar lover como eu, vai curtir
mesmo assim. Só quero avisar que, se você ainda não assistiu ao filme,
recomendo o meu post
Análise Crítica SEM SPOILERS ao invés deste, porque tá cheio
de spoilers, inclusive sobre o final. E para você que já assistiu ao filme e quer
entender melhor as partes confusas, recomendo que leia o meu post
Entenda o filme (COM SPOILERS) antes de ler este daqui. Enfim, chega de blablablá e vamos
lá começar.
O paradoxo do
tempo está presente em várias partes do filme. A começar pelo fato de que o
“Caminho da minhoca” (Wormhole) foi colocado perto de Saturno pelos seres humanos do futuro. E aí já vem a pergunta: mas como os
seres humanos sobreviveram para , no futuro, criar o Wormhole que salvaria a
eles mesmos? Um dos meus leitores (beijo pra você, Evinho!) fez uma pergunta parecida
com essa, mas, ao invés de falar do Wormhole, ele perguntou sobre o Tesseract:
como os seres humanos sobreviveram para, no futuro, criar o Tesseract e, assim,
Cooper poder se comunicar com a sua filha Murph e salvar a humanidade?
As duas
perguntas podem ser respondidas com um raciocínio que eu tinha lido certa vez
em um comentário no blog Screen Rant: na
PRIMEIRA VEZ, o povo da Terra morre, mas os seres humanos originados do Plano B
sobrevivem, evoluem e adquirem, em um futuro distante, a capacidade de controlar
o espaço-tempo. Isso permite que eles voltem ao passado e coloquem o Wormhole perto de Saturno.
Assim, na SEGUNDA VEZ, os seres humanos da Terra são salvos.....
Foi essa a
resposta que dei para o Evinho, que ficou super satisfeito e me agradeceu
dizendo que agora ele poderia morrer em paz rsrs, mas uma outra leitora (beijo
pra você, Ju!) me fez uma pergunta bem mais desafiadora: como o Cooper
encontrou a NASA se isso dependia do fato dele mesmo já ter encontrado o
esconderijo antes para, no desenrolar da história, entrar no Tesseract e passar
as coordenadas para a sua versão passada?
Achei essa
pergunta muito difícil de responder, tendo em vista que, se na PRIMEIRA VEZ o
Cooper não recebeu nenhuma coordenada (já que não existia a sua versão do futuro
para passá-las), então ele nunca viajaria com a equipe e nada teria sido como
no filme.......confesso que tinha pensado em desistir de encontrar uma solução,
mas resolvi colocar a cabeça para funcionar e consegui criar uma pequena
teoria.....
Pensei no
seguinte: na PRIMEIRA VEZ, o Cooper não recebeu nenhuma coordenada pela areia
nem nada do tipo, mas ele conseguiu encontrar o esconderijo da NASA de outra
maneira: talvez algum dia ele estivesse andando por aí e simplesmente
“esbarrou” no esconderijo; ou talvez os próprios cientistas da NASA,
pesquisando pessoas para ajudar, descobrem que o Cooper já foi piloto e vão
atrás dele para pedir ajuda; ou por outro meio qualquer.
Cooper, então,
vai para o espaço com a Equipe Endurance, mas como não existe Wormhole (já que
era a PRIMEIRA VEZ), eles viajam rumo a
outra galáxia do jeito “tradicional” mesmo: percorrem toda a distância, o que
leva décadas. E aí você pode questionar: mas Cooper abandonaria a sua família
assim? Bem, com relutância, ele concordou em ir, mas só porque o pai da Amelia
tinha prometido que iria resolver a equação e salvar todos.
E se a viajem levaria
décadas, não seria provável que Cooper e
sua equipe morressem antes de chegar no destino? Primeiro que, como a missão ia
ser bem mais desafiadora do que a mostrada no filme, é óbvio que a equipe seria
maior, teriam mais espaçonaves, mais recursos (combustível, alimentos, etc). E
outra: não necessariamente eles foram para a galáxia do planeta de Edmonds
(afinal, como não existia Wormhole, talvez os cientistas nem soubessem da
existência dela). Pode ser que eles tivessem como destino (ou simplesmente
descobriram durante a viajem mesmo) uma galáxia mais próxima ou pode ser que
eles tivessem encontrado um buraco negro no meio do caminho e, com a ajudinha
do robô TARS, descobriram os dados (as preciosas informações que curiosamente
só podem ser encontrados no interior de um buraco negro......lembra?) para lançar uma estação espacial e, assim, dar
início ao Plano B.
Caso não fosse possível encontrar um lugar (provisório ou
não) em pouco tempo, uma opção seria iniciar o plano B na espaçonave mesmo,
criando três ou quatro crianças que, no futuro, assumiriam o comando da equipe
caso os integrantes originais já tivessem morrido ou se já estivessem bem
velhinhos. Outra opção seria congelar alguns dos integrantes da equipe, de
forma que eles não iriam envelhecer e, posteriormente, assumiriam o comando.
Lembrando que,
de uma forma ou de outra, tendo ou não encontrado um lugar provisório para
morar (seja em uma estação espacial ou em um planeta razoavelmente habitável,
mas não tão bom assim) e não importando quanto tempo levasse, ou quais eram os
integrantes da equipe na época, os seres humanos encontraram o Planeta de Edmonds (que, na
PRIMEIRA VEZ, não era o planeta dele né, já que não existia Wormhole e,
portanto, os cientistas não tinham sido enviados anos antes para analisar os
seus respectivos planetas.....ou seja, é provável que o astronauta Edmonds
estivesse vivo e fazendo parte da Equipe Endurance, para alegria de Amelia e
tristeza de Cooper, que ficaria segurando vela rsrs).
Enfim, de alguma
forma o plano B é instaurado (antes, durante, ou depois de encontrarem o
planeta de Edmonds) e, com o passar dos anos, os seres humanos vão evoluindo
até adquirir o conhecimento de controlar o espaço-tempo, o que possibilita que
eles voltem ao passado para facilitar a vida da equipe e salvar as pessoas
da Terra (já que elas não foram salvas no primeiro round), mas a tarefa não é tão simples assim......a primeira coisa
a fazer era criar uma maneira dos seres humanos encontrarem a galáxia do
planeta de Edmonds o mais rápido possível e, então, eles criam o Wormhole para
encurtar o caminho e, se fosse o caso, economizar anos de procura pela galáxia certa......mas como
salvar os seres humanos da Terra? Assistindo às “cenas” do passado, eles percebem
que a cientista Murph é a mais capacitada para conseguir resolver a equação, além
de ser a filha de um dos astronautas da missão e, como se não bastasse, os dois
podiam trocar informações entre si através de códigos (onde mais encontrar um
pai astronauta que se comunica com a sua filha nerd por Código Morse?). Simplesmente
perfeito. O mais difícil já foi. Agora tá fácil: é só construir algo que
possibilite Cooper voltar ao passado e passar os dados para Murph por código.
Moleza. Os experts em física quântica constroem, então, o Tesseract, o que nos
leva ao próximo round........
A SEGUNDA VEZ
começa que nem a primeira: Cooper não recebe as coordenadas através da areia,
mas sim por outro meio (como os citados anteriormente), e viaja com a sua
equipe para o espaço. A partir daí, acontece tudo como no filme: usam o Wormhole
para “cortar” caminho; recebem sinais dos astronautas que haviam sido enviados
anos antes para analisar as condições dos planetas; Cooper, ao ser lançado no
espaço, é levado para dentro do Tesseract e, além
de passar os dados do buraco negro para a filha, ele passa também as
coordenadas do esconderijo da NASA para a versão passada dele mesmo (talvez o
Cooper do futuro tivesse passado as coordenadas por acidente ou talvez ele
pensou: “Por que não passar as coordenadas ao meu ‘eu do passado’ para que
encontre o esconderijo mais rápido e, assim, economizar tempo?”). E aí os seres humanos da Terra são salvos, o
que nos leva ao terceiro round.....
A partir da
TERCEIRA VEZ, tudo acontece como no filme: o Cooper do passado ganha em
comodidade, recebendo as coordenadas na sua própria casa, e a Murph do passado
ganha o seu fantasma; a Equipe Endurance vai para o espaço e “corta” caminho
com o Wormhole; Cooper passa os dados para a filha através do Tesseract e o
povo da Terra é salvo.........e assim vai
repetindo (ou não né, afinal, pode ser que a história seja diferente nas próximas vezes), em infinitos rounds.....
Foi essa a
resposta que dei para a Ju (claro que as ideias não estavam tão organizadas assim),
que pareceu satisfeita com a minha pequena teoria, além de me agradecer muito
pelo tempo que gastei em elaborar uma explicação tão gigante (mal sabia ela que eu
estava me divertindo à beça com isso tudo). Aproveitando a oportunidade, a Ju me passou o
link de uma outra explicação dada pelo blog
Curta e Meia (questões 12 e 13) e
me perguntou o que eu achava. Havia, na verdade, duas explicações diferentes
sobre o paradoxo do tempo e li as duas.
Não gostei
muito da primeira explicação (resposta da questão 12), que batia na tecla de
que o tempo não é unidimensional, ou seja, não caminha apenas para frente.
Sendo assim, futuro, passado e presente não dependem uns dos outros. Eles podem
acontecer de maneira simultânea. Apesar de achar que a mensagem do filme é
justamente essa (a de que o tempo não é unidimensional), não gosto nem um pouco
dessa explicação. Quando paro para pensar, não consigo acreditar que isso poderia
acontecer na vida real e, enquanto não surgir provas concretas de que isso seja
possível, não vou acreditar.
Gostei mais da segunda explicação (resposta da
questão 13), porque se aproxima mais da minha “teoria”: existiram mais de uma
linha temporal, sendo que em cada uma a humanidade teve uma história diferente.
Essa é a explicação mais coerente para mim e até consigo imaginar em algo assim acontecendo na vida real, mas, como
já disse antes, posso mudar de ideia depois (talvez a minha versão futura
esteja me assistindo nesse exato momento e debochando da minha inocência rsrs).
Enfim, espero
que tenham gostado e fiquem à vontade para fazer críticas, tirar dúvidas, criar
suas próprias “teorias”......
Bjs
interestelares, Tati.