Para
quem não se lembra, completou um ano desde que saiu o tão esperado episódio
final de How I Met Your Mother (que foi ao ar no dia 31/03/2014) e, o que era
para ser algo extremamente previsível, acabou sendo um verdadeiro soco na nossa
cara. Como diria meus professores de português do ensino médio, foi uma verdadeira quebra de expectativa.......nesse
caso, de entrar para a história! Absolutamente inesquecível e com certeza
merece um post de comemoração pela data nostálgica, em que vou fazer uma
análise bem divertida dessa série de TV que conquistou (e também arrasou) o coração de muita gente. Já adianto que contém vários spoilers, então, se for o caso de você ainda
não ter começado ou terminado de assistir ao seriado e não quiser sabe o final (nossa, será que realmente existe alguém que não sabe?!), não leia o
resto do texto.
How
I Met Your Mother foi construído na expectativa de saber quem é a misteriosa mãe dos
filhos do protagonista Ted Mosby, que simplesmente levou nove temporadas para
concluir a história de como conheceu a esposa. Foram oito temporadas de total
expectativa, imaginando quem seria a tal garota tão especial, que provavelmente
seria revelada apenas no último episódio. Para a surpresa de todos, não foi
assim. No final da oitava temporada, já podemos ver quem é a mãe, aliás, tudo
indicava que era ela, mas ainda não tinha sido confirmado. Para a maioria de nós, inclusive eu, se tratava de uma
mera “pegadinha” dos produtores para nos fazer acreditar que aquela era a mãe e,
depois, nos deixar frustrados por não ser. Ai, como somos inocentes......
Tamanha
foi a minha surpresa (e imagino que a de muita gente) quando, logo no início da
nona temporada, Ted confirmou que a garota (cujo nome é Tracy McConnell, para
quem não se lembra) era de fato a mãe dos meninos. Aí pronto, não entendi mais
nada. Se a única surpresa da história já tinha sido revelada, então o que
restava para o final? Foi então que cheguei à conclusão de que os produtores
agiram bem, afinal, se a mulher fosse revelada apenas no último episódio, que graça
teria? Mal mostraria o Ted se apaixonando por ela, a vida dos dois
juntos......então, pensei comigo, fizeram bem em nos deixar na expectativa por
quase todo o seriado e reservar a temporada final para que “aproveitássemos” o
casal. Ai, como sou esperta (só que não hahá).
Conforme
fui assistindo aos episódios da última temporada, minha decepção só ia
aumentando, não entendia o porquê de tanta enrolação (a maioria dos episódios
foram extremamente chatos, convenhamos) se tinha tanta coisa mais interessante
para mostrar. Estava louca para saber mais detalhes sobre a história de amor do
Ted e da Tracy, da vida deles juntos, do nascimento dos filhos......mas tínhamos que nos contentar com alguns breves flashes do futuro, totalmente fora de ordem cronológica. Não entendia o sentido
daquilo. Foi então que comecei a criar outra teoria: os produtores querem nos
deixar com expectativa para a festa de casamento, que é quando o Ted vai
encontrá-la pela primeira vez, vão trocar olhares apaixonados, ele vai
perguntar sobre a garota para seus amigos (afinal, todos já a conheciam) e ficar louco
para conversar com ela, mas, por algum motivo, só vai ter essa chance depois da
festa...........
Foi
então que finalmente saiu o último episódio! Mal podia calcular o tamanho da minha
ansiedade e emoção quando comecei a assistir às primeiras cenas da festa: aparece
o Ted sentado conversando com os amigos e aí, de repente, ele olha para o lado
(é agora, é agora!) e a vê pela primeira vez (é agora, é agoraaaaaaaa); mostra
ela tocando guitarra e com o olhar perdido (aiiiiiiiii encara ele logo, caramba!);
volta para o Ted fazendo uma cara de, sei lá, admiração (aiiiiiiiiiiiiiiii que
tenso!) e............e...........vinheta de abertura........calma, já vai
voltar para a festa.........e de fato voltou, mas apenas para mostrar Ted se
despedindo dos amigos e PRONTO, depois já passou para a cena dele sentado
esperando o trem chegar...... what a
f***???? Tá, desisto. Pelo visto esses produtores são uns idiotas mesmo.
Dane-se! Só vou assistir a essa droga sem pensar em mais nada! Humpf!
E
realmente não pensei em mais nada. Nem conseguia. A cada minuto o episódio ia
ficando cada vez mais estranho: a Robin e o Barney se separam e ele volta a ser
um mulherengo imaturo, o que foi um retrocesso bem desapontante, mas ainda bem que encontrou um novo rumo na vida depois do nascimento da sua filha (a cena
mais fofa de todas e que emocionou a chorona aqui); a Robin se distancia dos
amigos e insinua coisas suspeitas como “não quero ver o homem com quem eu
deveria ter ficado junto da linda mulher de seus filhos”; Ted e Tracy levam anos
para se casarem de fato (me diz qual é a graça de comemorar o “fim da busca
pelo verdadeiro amor” se você já está com a pessoa há 7 anos????); depois da
cena do seu casamento e antes de contar como conheceu a
esposa, Ted faz um discurso muito estranho, onde fala coisas do
tipo “eu sabia que deveria amar essa mulher o máximo que conseguisse e pelo
tempo que conseguisse (como assim?!)..........e carreguei essa lição comigo quando
ela ficou doente (doente como? Um leve resfriado, uma pneumonia ou..........câncer????Aiiiiii
socorroooooooo)”.
Tudo
muito, muito, MUITO esquisito.......será que ela.....? Não, claro que não! Ora,
onde já se viu pensar em uma coisa dessas?! Calma, daqui a pouco vou ver que não é
nada disso que estou pensando...........mas era de fato ISSO MESMO.........
UAU!
Sem
mentira nenhuma, tive que rever a cena umas quatro ou cinco vezes para
conseguir acreditar! Conforme o choque ia passando, tudo começou a fazer
sentindo: a Tracy quase não apareceu na história e não se preocuparam muito em mostrar mais detalhes da vida dela com o Ted porque esse nunca foi o foco do seriado. Os produtores apenas
quiseram nos fazer acreditar que era. E fizeram isso muito bem. Foi uma
verdadeira jogada de mestre: primeiro nos fizeram criar expectativa sobre quem
seria a mãe, o suposto verdadeiro amor da vida de Ted; depois nos fizeram ficar na
expectativa de saber se a mulher mostrada no final da penúltima temporada era
de fato a mãe; depois da confirmação de que era ela mesmo, ficamos
na expectativa de ver, em detalhes, a história de amor do casal; depois de nos
conformarmos que só teríamos breves flashes da vida deles juntos, a única expectativa
que criamos é a de simplesmente esperar para saber como de fato se conheceram, o que era um tanto que desapontante. Depois de tantas temporadas criando expectativa pelo
final, acaba que agora não tem muito mais o que esperar dele......
E
foi exatamente esse o ponto crucial da jogada: fizeram todos nós acreditarmos que não
tinha mais nada de extraordinário para acontecer, afinal, pelos breves flashes do futuro,
já sabíamos que todos viveriam super felizes juntos: Ted e Tracy, Lily e Marshall,
Robin e Barney (graças à cena, inicialmente mostrada fora de contexto, dos dois
farreando na Argentina após três anos de casados). Também teve aquela coisa
toda do Ted “libertando” a Robin (lembra da cena da praia, na manhã do
dia do casamento?!), o que nos fez ter ainda mais convicção de que ele teria enterrado
esse amor para sempre. Ou seja, foi tudo meticulosamente planejado para que
esperássemos um final ultra clichê e sem surpresas.......
Tá,
não vou mentir, gostei muito desse planejamento todo, apesar de achar que eles
exageraram na dose ao nos fazer engolir aquele tanto de episódio chato da última
temporada. Tudo bem ter um pouco de enrolação, afinal, faz parte da jogada: nós
ficamos entediados, aguardando um final que já nem tem muito o que revelar, só
assistindo por assistir........e aí, quando não poderíamos estar mais
desprevenidos, BAM! Explode a bomba. Enfim, faz parte, mas daí fazer uma
temporada de 24 episódios, quase que inteira de enrolação, já é querer torturar
o telespectador. Por que não fazer uma temporada mais curta, de 15 ou 12
episódios? Daria para enrolar de uma maneira bem menos desgastante.
Outra
coisa que também me incomodou um pouco foi a forma desesperada e repentina pela
qual Ted demonstrou ainda ser muito apaixonado pela Robin: depois que a
história foi chegando na reta final (a partir da oitava temporada, se não me
engano), o protagonista começou a expressar um amor louco pela canadense, como
se do nada ele tivesse voltado a ser o mesmo carinha super apaixonado do começo
do seriado. Não foi uma construção muito boa. Tá certo que já tiveram sim
alguns episódios mais antigos em que ele demonstrou ainda amá-la, mas foram momentos bem
isolados e, em grande parte, não me convenceu.
Claro
que não estou dizendo que o personagem deveria ter passado o seriado todo fazendo declarações de amor. Pelo contrário, os produtores deveriam ter tentado mostrar, de
uma maneira SUTIL, que ele nunca deixou de amá-la. Infelizmente, consigo me lembrar de apenas uma única vez em que isso ocorreu: foi quando a Robin
descobriu ser infértil, o que a deixou arrasada (apesar de nunca ter sido fã de
crianças) e, percebendo que estava triste, Ted tenta animá-la fazendo uma
decoração linda e super bem elaborada de Natal. Foi uma das cenas mais lindas
do seriado: Robin chega em casa, se depara com a surpresa e, em seguida, Ted
a reconforta (mesmo não sabendo qual era o motivo de sua tristeza) e os dois se abraçam.
Mesmo
não tendo beijo ou declarações de amor, foi uma cena que conseguiu demonstrar,
de uma maneira fantástica, o tanto que ele ainda se importava com ela e, mais
que isso, conseguiu me fazer lamentar o fato de que os dois não ficariam juntos
(como quase todo mundo, nem desconfiava do final). Infelizmente, não tiveram
mais cenas assim. Quero dizer, pode até ser que tiveram outras, mas não tão
marcantes quanto essa (pelo menos para mim). Se os produtores tivessem usado mais
dessa tática, o amor do Ted pela Robin teria sido muito mais convincente, o que
renderia um final ainda melhor. Um final que seria marcante não apenas por ser
surpreendente, mas também por ser bastante compreensível.
Então
é isso gente, espero que tenham gostado de recordar um pouco desse final que,
apesar de já ter ido ao ar há mais de ano, nunca deixará de ser polêmico! Sei
que muita gente deve discordar do meu ponto de vista, então, fique à vontade
para me criticar – desde que respeitosamente, é claro – e dar o seu próprio
ponto de vista sobre a questão. Afinal, o mais divertido é a discussão, não é
mesmo?!
Até
logo então, HIMYM lovers!
Bjs,
Tati.
Aquilo era um baixo, não uma guitarra.
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